Filiada

Roberto Nolasco - Economista

Assessor da Fenascon, Formado em economia pela PUCRJ, Pós graduado em administração pela FGVSP, Professor e pesquisador do CEPACC - Centro de Pesquisa para a América Latina da UNB, Consultor do ECOSOC: Conselho Econômico e Social da ONU em Nova York, Coord



SOMOS TODOS CONFEDERADOS!

07/02/2017

O titulo traz a lembrança a guerra de secessão nos Estados Unidos de 1861 a 1865 onde os estados do Sul, confederados, se levantaram contra a união (governo central). Era um sonho de liberdade e separação. A união foi mais forte e todos saíram ganhando.

A Conascon é nosso sonho de luta e organização. Nasce num momento importante para as organizações sindicais, como também, para os trabalhadores. De um lado, temos a clara tentativa de enfraquecimento da representação dos trabalhadores, de outro, exibimos uma taxa de desemprego enorme e que cresce a cada dia.                  O momento é o de fortalecermos nossa representação sindical como única forma de enfrentarmos as adversidades que atingem os trabalhadores e a sociedade.

Hoje, o trabalho está no centro de profundas mudanças que vem se dando no ambiente dos negócios e do capitalismo no mundo. De um lado, as exigências de mais e mais flexibilidade na forma de trabalhar nas empresas para atender modelos de gestão de alta produtividade e redução de custos que garantam melhores condições de competição global. Do outro, a emergência do conhecimento como o principal meio da produção do trabalho, tendo no aprendizado contínuo a ferramenta por excelência de empregabilidade e trabalhabilidade. Como resultado, cresce e muito a informalidade e o trabalho por conta própria como estratégia de sobrevivência.              É fundamental enxergar esse novo mundo de negócios e novas formas de trabalho que de certa forma, precarizam a relação de trabalho que não é mais estruturado em torno da grande indústria integrada com um “patrão” capitalista conhecido onde o sindicato dialogava sobre as condições de trabalho e exercia, quando necessário, formas de pressão, como greve e outras. O dilema é como dialogar eficazmente com empresas sem fronteiras e sem dono conhecido. Como conhecer as novas formas contemporâneas de trabalhar e avaliar o sentido do Trabalho Decente em cada uma delas?

As questões que se impõem ao mundo sindical de hoje passam por definir se é possível e viável dentro da ótica de proteger o trabalhador, mas antes de tudo garantir trabalho, se temos que ser a favor de regulamentar o trabalho em tempo parcial; o teletrabalho; o trabalho em casa (Home office); o trabalho independente qualificado; o trabalho sob demanda e várias formas surgidas nos últimos tempos que caracterizam de certa maneira o novo mundo do trabalho. Neste sentido, o projeto de lei apresentado pelo governo como uma reforma trabalhista espelha um pouco isto.

A Conascon tem uma tarefa política fundamental neste momento onde as grandes decisões de reforma se encontram no congresso. Esta tarefa de defender os trabalhadores e a própria existência da organização sindical, não pode acontecer sem o diálogo com a sociedade. Sem este apoio, as ameaças contra os sindicatos deverão continuar. Segundo as estatísticas, a base da pirâmide social cresceu muito nos últimos dois anos e é exatamente a composição de nossa base. Portanto, o momento atual não é só de reivindicação e de dizer “sou contra” e sim de dialogo social, que deve considerar:

·        O fortalecimento do diálogo social. Curiosamente, enfrentamos talvez a pior crise global desde 1929 e as organizações sindicais quase não estão sendo ouvidas pelos diferentes governos; 

·        Aumento da produtividade do trabalho para viabilizar aumento da massa salarial. Entender que a qualificação profissional e o investimento tecnológico para aumentar a produtividade do trabalho seja um elemento importante no contexto brasileiro para aumentar a massa salarial;

·        Participação ativa em acordos internacionais sobre trabalho decente para que estes acordos sejam um vetor de pressão para a melhoria das relações entre capital e trabalho de fora para dentro;

·        Divulgar e denunciar as abusivas distorções de benefícios e salários entre os executivos da empresa e os trabalhadores. Uma iniciativa semelhante à 'Executive Pay Watch' da AFL-CIO;

·        Incidir mais e acompanhar os programas de responsabilidade social corporativa das grandes empresas para que não seja mera ação publicitária;

·        A informalidade e o trabalho por conta própria são alternativas de sobrevivência para milhões de trabalhadores que estão à margem da economia formal. O trabalhador na informalidade é quase sempre invisível: está fora da cobertura de proteção trabalhista que no Brasil é de base contributiva – regras de proteção ao trabalhador, aposentadoria, salário mínimo, seguro desemprego, dentre outros;

o  Como representar este enorme contingente de trabalhadores na luta por seus direitos básicos de cidadania?

Só o trabalho produz riqueza, mas a política é quem distribui. Nos países em que o movimento sindical está enfraquecido, a desigualdade aumentou. A tentativa de destruir o movimento sindical através do corte de seu financiamento tem objetivo.

Não podemos ter mais medo do que esperança. É urgente nossa ação política e de diálogo social.                                                                                               A Conascon é um caminho.

 

 

Roberto Nolasco

 

Assessor


Compartilhe