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SP melhora na reciclagem, mas deve otimizar caminho do resíduo

05/03/2018

Levantamento da Abrelpe mostra que Estado produz mais de 60 toneladas de lixo por dia

 

O Estado de São Paulo produz cerca de 61 toneladas de lixo por dia. Desse total, 76% é destinado a aterros sanitários, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Ao mesmo tempo, a estimativa é de que 117 toneladas de resíduos não são coletadas diariamente em todo os 645 municípios. Os dados são do último levantamento da Abrelpe. 

 

O lixo, seja ele descartado corretamente ou não, muitas vezes, poderia ser reaproveitado através da reciclagem. No entanto, o tratamento de resíduos sólidos ainda é um gargalo não só no Estado, mas em todo país. O motivo, segundo Gabriela Otero, coordenadora do departamento Técnico da Abrelpe, é a falta de uma sintonia entre os processos. 

 

"É preciso separar o lixo reciclável de um grande volume de material. Depois disso, tem que tomar cuidado para esse resíduo separado não ser contaminado no caminho até a cooperativa, ou galpão de triagem, ou central mecanizada. Feito isso, o material tem que ter valor atrativo para ser comercializado. Ai sim a reciclagem efetivamente acontece. Se todas essas partes não estiverem sincronia, a reciclagem não acontece" afirma, ao Destak. 

 

Segundo Gabriela. uma parte da coleta acaba não sendo reciclada e acaba indo para o aterro sanitário, mesmo São Paulo tendo centrais mecanizadas e uma população consciente e com acesso a informação. 

 

"No Estado, a gente tem dois grandes problemas: as pessoas estão acostumadas a ter coleta na porta de casa, e como a coleta seletiva tem custo maior, as Prefeituras, muitas vezes, não têm essa receita para investir. O Segundo problema é o da compra. A empresa ou prefeitura investe no negócio da coleta, mas quando chega no fim da cadeia, não tem para quem vender. E a reciclagem só acontece se tiver comprador do lixo reciclado" conta a coordenadora da Abrelpe. 

 

Todo o lixo fora do sistema é um problema ambiental e social. O depósito irregular gera contaminação do solo, da água, emite poluentes para a atmosfera, atrai doenças. Todo descarte fora do sistema da reciclagem se torna uma fonte poluidora. Segundo a Abrelpe, o

descarte inadequado de resíduos sólidos nos chamados "lixões" causa prejuízos anuais de R$ 420 milhões para o Estado de São Paulo. O valor é referente aos gastos para tratamento de saúde e recuperação ambiente. 

 

Capital

A cidade de São Paulo produz 20 mil toneladas de resíduos sólidos por dia. Desse total, 72% correspondem a resíduos domésticos e apenas 1,2% são de resíduos sólidos reciclados tratados adequadamente. 

 

"Precisamos considerar que São Paulo tem uma geração de lixo muito parecida com a de muitos países. Dessas 20 mil toneladas, aproximadamente 13 mil são de lixo domiciliar e outros 7 mil são do próprio metabolismo urbano. A coleta seletiva ainda tropeça, mas isso ocorre em todo país. O percentual de reciclagem seletiva varia entre 2 e 3%", afirma Gabriela. 

 

Nos últimos anos, foi observada uma queda na geração de lixo. O fato, no entanto, não significa que houve maior conscientização. Especialistas ouvidos pelo Destak afirmam que a diminuição ocorreu devido à crise econômica, que fez cair o acesso ao consumo. 

 

"A gente não melhorou o caminho do lixo. 70% vai para o aterro controlado, mas são 30 milhões de toneladas encaminhados para aterro descontrolado, uma piora em relação ao ano interior. O caminho do lixo se manteve o mesmo", conclui Gabriela.

 

ABC

Na cidade de Santo André coleta 695 toneladas de lixo por dia, de acordo com o Semasa. Desse total, 12% é reciclado. A meta é atingir um índice de 30% até o final deste ano.

 

O município realiza a coleta seletiva uma vez por semana nos bairros e todos os dias no centro.

 

São Bernardo e São Caetano foram procuradas pela reportagem, mas não se manifestaram sobre as taxas de reciclagem.

 

Jornal Destak: 04.03.2018 16:59 por Afonso Ribeiro e Fabíola Andrade 


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