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Novas formas de sindicalismo é tema central no primeiro dia do seminário

28/05/2019

Começou, na manhã de ontem (27), na cidade de Bertioga (SP), o seminário internacional "O Desafio Sindical - No novo mundo do trabalho", uma realização da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes (CONASCON),  que visa instruir entidades filiadas a transpor as barreiras e avançar nas relações com a classe trabalhadora.

 

O presidente da CONASCON, Moacyr Pereira, saudou todos os presentes e reforçou a importância da atualização do sindicalismo ao novo momento mundial. "Precisamos repensar a forma como abordamos as nossas categorias, tanto na questão política, quanto na filiação e como nos comunicamos com a classe trabalhadora. Nestes dias de seminário, iremos nos aprofundar em mecanismo que nos ajudem a entender nossa situação e nos tornamos cada vez mais um sindicalismo de vanguarda", coloca.

 

Manassés de Oliveira, Tesoureiro Geral da confederação, referendou as palavras de Moacyr e explicou que esses eventos servem para fortalecer o movimento sindical. "Com a realização deste seminário, pretendemos contribuir para a construção do debate desta nova fase do movimento sindical brasileiro. São as nossas ações e capacidade de enfrentamento de hoje que definirão a qualidade de vida e as relações do trabalho em nosso país daqui por diante", declara o dirigente, que também é presidente do SIEMACO Curitiba.

 

Primeiro a palestrar, Roberto Santiago, vice-presidente da CONASCON, trouxe o tema "Conjuntura política", apelando aos presentes para que façam uma "profunda reflexão" sobre o papel sindical neste novo momento que o Brasil está passando. "O mundo do trabalho, político e capital, passa diariamente por transformações e o sindicatos precisam ter essa mesma dinâmica para poder acompanhar as exigências da atualidade. O trabalhador deve tomar consciência do papel e da importância dos sindicatos. Mas, para isso, as entidades precisam ser inovadoras e se profissionalizar", diz Santiago, presidente da FEMACO e da FENASCON.

 

O economista Roberto Nolasco, diretor do Instituto Altos Estudos da União Geral dos Trabalhadores (UGT), trouxe aos presentes um aprofundamento das análises feitas pelos diretores da CONASCON, com o tema "O novo mundo do trabalho". Segundo o pesquisador, rever formas de emprego, a mudança trazida pela robotização e o uso de inteligência artificial na produção precisam ser entendidas pelo sindicalismo. "Temos que preparar os trabalhadores para a transição para um novo mundo do trabalho. Fortalecer o diálogo social para criação de políticas públicas e para capacitação dos trabalhadores, sob pena de ficarmos na periferia num mundo que pode ser bom para todos. O novo mundo do trabalho não é uma ameaça, é apenas novo".  

 

Outra visão da Previdência

Fechando o dia, o doutor em Ciências Sociais Moises Balestro, professor da Universidade de Brasília (UnB), falou ao público sobre a tentativa do governo de embutir equivocadamente a Assistência Social no déficit da Previdência. Essa constatação foi apresentada em sua palestra no seminário.

 

Balestro, que faz parte do grupo de Estudos Comparados sobre as Américas da UnB, acredita que há uma tentativa do governo em tentar vincular programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), uma renda no valor de um salário mínimo para pessoas com deficiência de qualquer idade ou idosos que apresentam impedimentos de longo prazo, e o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FunRural) à Previdência Social, e defende que eles não podem ser computados nos gastos previdenciários, pois "não são sistemas contributivos".

 

"Essa é uma rede de proteção social mínima, como o Bolsa Família. A base da Previdência é a solidariedade tripartite: empresa, governo e trabalhador. Esses programas são obviamente deficitário, pois não têm esse caráter de arrecadação, mas proporcionam um alívio à pobreza para quem justamente não tem condições de contribuir. Se BPC e FunRural fossem retirados dos cálculos, o déficit se extinguiria", explica Moisés.

 


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