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Porteiro consegue vaga pedindo trabalho em bilhete preso na máscara

14/09/2020

Segundo idealizador, mais de 60 pessoas já conseguiram emprego usando a tática

Padilha circulou com o recado na máscara por cerca de três semanas na Zona Sul

Fazia nove meses que Roberto Vanderlei Padilha, 45 anos, estava desempregado. Quando estourou a pandemia, já havia terminado seu seguro desemprego, e conseguir se reinserir no mercado ficou ainda mais difícil. Foi quando, na fila de uma agência de emprego, um homem sugeriu que transformasse a máscara — acessório obrigatório contra a covid-19 — em uma espécie de classificado. 

 

 

Padilha circulou pela zona sul de Porto Alegre por três semanas usando na máscara a inscrição: “Sou porteiro, me contrate”. Até que o morador de um edifício que estava mesmo procurando um funcionário para a portaria o abordou no corredor do supermercado.

 

— Fiz a entrevista em julho e me chamaram. E fiquei achando fantástico isso, é uma maneira das pessoas se divulgarem.

 

Quem deu a ideia para Padilha na agência de emprego — além de confeccionar a máscara estilizada para ele — foi um administrador conhecido na Região Metropolitana pela sua cruzada contra o desemprego. Carlos Henrique Bastos D'Ávila, o Kaká, foi personagem de reportagem de GZH ano passado por prestar assistência gratuita a pessoas que procuram trabalho — ele auxilia a elaborar currículo, explica como agir em uma entrevista e vai até os estabelecimentos comerciais de Porto Alegre para fazer o meio-campo com quem oferece emprego.

 

Ele conta que ficou dois anos desempregado, no momento mais difícil de sua vida. Tinha recém perdido um filho quando foi demitido. Enquanto procurava emprego, prometeu para si mesmo que, quando tivesse a oportunidade, ia ajudar pessoas na mesma condição que ele. 

 

Com a ideia de divulgar a busca por trabalho na máscara, Kaká já ajudou dezenas de pessoas. Mais de 60 já lhe deram um feedback positivo. 

 

— Eu saio dando a ideia, nas redes sociais e nas paradas de ônibus. E fico repetindo que vergonha não é pedir emprego, vergonha é não querer trabalhar. 

 

Foi exatamente o que ele disse para  Letícia Katiene Souza Duarte, 36 anos. Ela usou a máscara adaptada com uma folha de papel e fita adesiva apenas duas vezes antes de receber a oferta, para ajudar em uma loja do seu bairro, Lomba do Pinheiro. 

 

A ideia fez tanto sucesso que conquistou destaque em rede social. Na manhã desta quarta-feira (9), Kaka e Leticia foram entrevistados por Fátima Bernardes no programa Encontro, da Globo. O administrador torce que, com esse espaço, mais pessoas usem a tática Brasil afora. 

 

— Esse é o principal objetivo, que se espalhe. Que as pessoas possam se inspirar e fazer algo parecido.

 

 

11/09/2020 - 14h47min

Atualizada em 11/09/2020 - 21h04min

Jéssica Rebeca Weber

Jefferson Botega / Agencia RBS

 

https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2020/09/porteiro-consegue-vaga-pedindo-trabalho-em-bilhete-preso-na-mascara-ckeyj0fl5001h014ysagccrul.html


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