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Porteiro é dispensado do trabalho e atua como 'gari solidário' em Salvador: 'Gostaria que as pessoas fossem mais conscientes'

07/10/2021

Ronaldo Vieira mora no Complexo de Amaralina e conta com pagamento voluntário de moradores enquanto varre as ruas da comunidade. Ele pensa em voltar ao mercado de trabalho, mas pretende seguir com ação social no bairro.

 

Morador do bairro do Nordeste de Amaralina cuida de limpeza da comunidade; confira

 

Após dois anos desempregado, o morador do Complexo do Nordeste de Amaralina, em Salvador, Ronaldo Vieira decidiu iniciar de forma voluntária um trabalho de coleta de lixo no bairro onde vive.

Bob, como é mais conhecido, atuou por cerca de oito anos como agente de portaria e fez trabalhos como ajudante de pedreiro e outros serviços esporádicos até começar a fazer limpeza das ruas do bairro, onde moram cerca de 80 mil pessoas.

 

O gari mora com a mãe aposentada, duas filhas e um neto. Sem renda fixa, conta com o auxílio de comerciantes do bairro que pagam de maneira solidária pelo serviço prestado.

 

Ademir Lemos é dono de uma loja no complexo e faz elogios à atuação do profissional.

 

“Aqui nunca teve gari. E depois dele a rua continua limpa. Ele é muito trabalhador, muito esforçado”, comentou o empresário.

Bob diz que chega a arrecadar R$ 40 em dias bons. E, por vezes, coleta R$ 5. Todo o dinheiro que consegue com a varredura das ruas, é usado para complementar a renda da família.

 

“Um [vizinho] dá R$ 1, outro dá R$ 2. Em um dia bom, consigo juntar R$ 40. Às vezes dá R$5 ou R$ 7. Pego o dinheiro e ajudo a comprar um pão, ajudo minha mãe na renda. Tem vezes que as pessoas me dão alimentos. Ajuda também em casa”, disse o gari, que lembra sempre o auxílio que tem da mãe nas contas.

 

O gari diz que sonha em voltar a trabalhar com carteira assinada, mas diz quando for contratado outra vez, não quer deixar de fazer o papel social na comunidade.

 

“Como todo pai de família, gostaria de ter um emprego. Essa pandemia causou muito desemprego. Mas continuo com meu projeto. Tem outras pessoas para entrar, mas faltam equipamentos, contêiner, bota, pá, vassoura, luva adequada”, comentou.

Mesmo sem atuar na área em que sempre trabalhou, Bob se diz orgulhoso e pede para que as pessoas tenham mais consciência e cuidem da comunidade onde vivem.

 

“Tenho muito orgulho. Mas eu gostaria que as pessoas do meu bairro fossem mais conscientes. Não jogar copo no chão porque pode entupir uma vala e causar um prejuízo maior”, finalizou.

 

Por TV Bahia

 

04/10/2021 14h14  Atualizado há 2 dias

 


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