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Emoção ao escrever o próprio nome: Sustentare e SIEMACO-SP ajudam varredor a se alfabetizar aos 61 anos

04/11/2022

 

Genivan de Oliveira viveu a emoção de escrever o próprio nome pela primeira vez aos 61 anos – Fotos: Alexandre de Paulo

 

A união é fundamental para transformar a vida das pessoas e a sociedade como um todo. É com esse olhar que o SIEMACO-SP mobiliza parcerias em prol dos trabalhadores. Exemplo do poder desse engajamento é a história do Genivan de Oliveira, que viveu a emoção de escrever o próprio nome pela primeira vez aos 61 anos, depois de frequentar a sala de aula instalada no Alojamento Riachuelo da Sustentare Ambiental, com professores da Central de Cursos do sindicato.

 

Varredor na Sustentare há 17 anos – tendo começado sua trajetória na antiga Vega Cepal –, Genivan venceu a vergonha e agarrou a chance de estudar. “Tive essa oportunidade quando o sindicato veio aqui [na empresa] e ofereceu, a quem quisesse, aprender a ler e escrever um pouquinho. Com a escola no alojamento, eu me interessei”, conta.

 

Superando dificuldades e escrevendo uma história

Hoje prestes a completar 62 anos, Genivan vive com a companheira em Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo – Estado que o recebeu quando ele tinha em torno de 18 anos.

 

Embora no registro de nascimento conste Petrolina (PB), ele veio ao mundo em Lagoa Grande. Criado pelos padrinhos, tem quatro irmãos por parte de mãe e nove por parte de pai. Sem escola nas proximidades, não frequentou a sala de aula e, por seis décadas, carregou a tristeza de não ser alfabetizado.

 

Da região em que nasceu, percorria 12 quilômetros até a roça onde trabalhava quando criança, aos sete anos, no bairro Severina. Ao lembrar desse período, faz uma longa pausa e se emociona: “não tinha escola, por isso eu me atrasei muito e não aprendi nada, né?

 

 Dedicação ao trabalho

Sobre sua trajetória como varredor, Genivan fala do apreço pelo trabalho: “Eu gosto muito do que faço”, diz ele, que há dez anos varre a Praça da Sé, Marco Zero da Capital e, também, cenário de momentos históricos para o povo brasileiro.

 

E foi em meio a essa rotina semanal que ele somou à sua agenda os estudos. Às segundas e terças-feiras chega mais cedo para as aulas de alfabetização e, após o almoço, pega no batente, das 14h até 22h.

 

 A alfabetização e seus significados

Por mais que o dia a dia seja cansativo, Genivan se mantém motivado. “Levanto cedo e venho para cá! Eu ainda não sei ler, mas quero aprender. Eu já faço o meu nome e fiquei muito contente por isso. Agradeço à Deus, à escola, ao professor e ao Sindicato por isso”, afirma ele, que aproveita as horas vagas para treinar a caligrafia.

 

Para Genivan, a experiência tem sido um divisor de águas: “Antes, tudo o que eu podia fazer era pôr o dedo naquela tinta”, lembra o varredor, referindo-se à ‘carimbeira’, agora guardada. “Levei para casa porque aqui eu assino tudo e já tenho a minha caneta.”

 

 Companheiros de aprendizado

Nessa empreitada para se alfabetizar, Genivan tem dois companheiros de sala de aula. Um deles é Valdemir Cardoso da Silva, de 44 anos. Ele só tinha até a 2ª série do Ensino Fundamental e, agora, já consegue ler e escrever.

 

Assim como Genivan, Valdemir também mora no bairro Cidade Tiradentes. Já o trabalho, desempenha em outro marco de São Paulo: a região da Rua 25 de Março, atuando vinculado ao Alojamento Parque Dom Pedro II.

 

 Mais do que alfabetização, um resgate da autoestima

Carlos Vinícius, 21 anos, é quem tem conduzido Genivan e Valdemir na jornada da alfabetização na vida adulta. Para o jovem professor, participar da história das pessoas por meio da Educação é um propósito de vida, pois vai muito além de ensinar a ler e escrever.

 

“A gente consegue mudar o mundo por meio da Educação. Busco trabalhar a elevação da autoestima dos alunos”, enfatiza Carlos Vinícius.

 

De acordo com o educador – que ingressou no SIEMACO-SP por meio de um estágio para mestrado em história e ciências sociais – é possível ajudar a transformar vidas e aumentar oportunidades. “O sindicato tem feito esse trabalho para as categorias que representa”, comenta Carlos Vinícius, sobre o trabalho de alfabetização que possibilita o diploma de conclusão do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, vinculados ao EJA – Educação de Jovens e Adultos.

 

*Texto e fotos: Alexandre de Paulo (MTB 53.112/SP)

 

**Edição de texto: D. de Assis – Edição de fotos: Carolina Rolim


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