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Encontro das mulheres do asseio lança cartilha contra assédio e reforça necessidade de promover os direitos femininos

13/11/2023

Um dia dedicado ao combate às desigualdades e aos assédios cometidos contra as mulheres. Essa foi a tônica do “Encontro das Mulheres Trabalhadoras do Asseio”, evento de caráter estadual ocorrido neste sábado, 11, em Novo Hamburgo. Na oportunidade também foi lançada a cartilha “Não às Práticas Discriminatórias no trabalho” e uma campanha nas redes sociais sobre o tema, uma iniciativa da Federação dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do RS, FEEAC RS e de seus sindicatos filiados com apoio da União Geral dos Trabalhadores, UGT, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes, Conascon. Também foi aprovada a “Carta de Novo Hamburgo”, contendo propostas para organizar as mulheres e enfrentar o tema.

 

A luta pela igualdade

 

O encontro iniciou com uma palestra muito atual, carregada de conteúdo e desafios, realizada pela vereadora de Porto Alegre, Biga Pereira (PCdoB). Biga mostrou que ainda persistem grandes contradições que ainda não foram superadas pela sociedade no que se refere às desigualdades existentes entre homens e mulheres, seja no mundo do trabalho, seja na vida cotidiana das famílias, seja na política e nas instituições.

 

A vereadora também apontou algumas bandeiras de luta necessárias aos tempos atuais: promover políticas públicas que permitam a garantia e valorização dos direitos das mulheres e promovam a inserção feminina de forma plena em todas as instâncias da sociedade.

 

“Nós precisamos acabar de vez com a violência sofrida pelas mulheres. Hoje, no Brasil, uma mulher perde sua vida a cada 6 horas, isso é inaceitável”, disse.

 

Biga também chamou a atenção para a luta sindical voltada às questões que envolvem as mulheres, entre elas citou: creches e escolas infantis, restaurantes coletivos com preços populares e lavanderias coletivas nos bairros.

 

 

 

Cartilha

 

Com uma apresentação teatral surpresa realizada pela personagem Herta, que envolveu todas e todos os presentes, foi lançada a cartilha “Não às Práticas Discriminatórias no trabalho” e o número de telefone da FEEAC disponível para denúncias de assédio e discriminação nos locais de trabalho, 0800-3254047.

 

Foram impressos 3 mil exemplares em uma primeira edição do material que será distribuído pelos sindicatos nas suas bases. Junto disso, também será realizada campanha nas redes sociais com os mesmos conteúdos da cartilha impressa.

 

 

 

A mulher deve ser agente da sua própria história

 

Na parte da tarde, coube ao vice-presidente do instituto criado a partir da parceria entre trabalhadores e empresários do segmento no Rio Grande do Sul, o Instituo Gaúcho de Asseio e Serviços, IGAS, Candido Luis Teles da Roza, apresentar a iniciativa e uma pesquisa sobre a condição feminina no mundo do trabalho.

 

Roza destacou que é uma questão de justiça social promover os direitos de forma a garantir o bem estar da mulher na sociedade. Para isso, segundo ele, é preciso garantir a condição de agente das mulheres – ou seja – ter o direito e as condições adequadas de decidir sobre a sua própria vida. Mas, para isso acontecer, é necessário haver mudança social com desenvolvimento e acesso à educação, saúde, trabalho, emancipação e erradicação da mortalidade infantil.

 

 

 

O vice-presidente do IGAS também mostrou pesquisa do Instituto ETUS sobre as desigualdades entre homens e mulheres no mundo do trabalho. E, na sequencia, anunciou que o IGAS está planejando a realização de uma pesquisa no segmento de forma a traçar um perfil dos trabalhadores e das trabalhadoras da limpeza, asseio e conservação. O estudo deverá fazer um recorte com foco na questão das mulheres, exatamente pela necessidade de se fazer políticas e justiça social de forma a promover a condição de agente das mulheres da categoria.

 

Acabar com a violência que sofre a mulher

 

A diretora da Mulher e Diversidade Humana da Conascon, Ana Cristina Duarte, trouxe as suas vivências e experiência de luta sindical para tratar de um tema que preocupa muito: a violência contra a mulher.

 

 

 

Ela apresentou dados estarrecedores: segundo a ONU, o Brasil é o quinto país no mundo no qual as mulheres sofrem mais violência; já a violência doméstica é a principal causa de feminicídios no país. “Dentre todos os tipos de violência contra a mulher, aquela praticada no ambiente familiar é uma das mais cruéis”, assinalou Ana.

 

Uma em cada três brasileiras com mais de 16 anos sofreu violência física e sexual provocada por parceiro íntimo ao longo da vida. São mais de 21,5 milhões de mulheres vítimas de violência física ou sexual por parte de ex-companheiros ou parceiros íntimos, representando 33,4% da população feminina do país.

 

Outro dado que revela a gravidade dessa situação é que as mulheres negras são aquelas mais atingidas pela violência, pois correspondem a cerca de 66%.

 

 

 

Ana, que é carioca, fez uma comparação com outro número chocante: em 2022, diariamente, 50.962 mulheres sofreram violência – isto equivale ao estádio do Maracanã lotado. Ela disse que “em lugar nenhum a mulher está segura, seja no trabalho, na rua ou em casa”.

 

Sobre os tipos de violência, ela citou a violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. São violências que precisam ser denunciadas, já que há legislação, como a Lei Maria da Penha e aquela que considera crime a violência psicológica; além de existir uma rede de proteção à mulher, como as delegacias da mulher, DEAM, e o Disque Denúncia 180.

 

Ana também falou sobre os grupos mais vulneráveis, como as mulheres trans, travestis e transexuais. “O Brasil tem a triste marca de ser o país que mais mata essas pessoas”, denunciou.

 

Ratifica já Convenção 190 da OIT

 

No final do evento foi realizado um ato em favor das campanhas coordenadas no segmento pela Conascon e pelas federações: #ratificajá, sobre a Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho, OIT, que estabeleceu novas normas globais com o objetivo de acabar com a violência e o assédio no mundo do trabalho; e a campanha #respeitetodomundo que visa acabar com todas as formas de discriminação no mundo do trabalho.

 

 

 

Para o presidente da FEEAC RS, Henrique Silva, o encontro foi um marco para as lutas do presente e futuras da categoria. “Estamos dando um passo gigante no sentido do reconhecimento e da prioridade das lutas em favor das mulheres, pela igualdade e contra todas as formas de discriminação. Essa luta também passa pela melhoria das condições de trabalho, renda e do trabalho decente no setor”, afirmou.

 

Já a secretária Geral da FEEAC, Maria Elisabete Machado da Silva, anfitriã do evento, disse que os sindicatos e a federação devem intensificar as suas lutas tendo como prioridade a defesa das mulheres da categoria. “Este encontro trouxe muitas reflexões, o que só reforçou nossa convicção de que é preciso ampliar cada vez mais a nossa luta em defesa das mulheres e contra todas as formas de discriminação”, concluiu.

 

 

Luta das mulheres renovada

 

No final do encontro, as representações femininas dos sindicatos que compõem a FEEAC RS fizeram avaliação dos debates e sobre os novos desafios que cada entidade está levando para incorporar no dia a dia do seu trabalho.

 

Outra decisão do encontro fora a recriação da comissão de mulheres da FEEAC, cuja nominata deverá ser aprovada pelos sindicatos e direção da federação até meados de dezembro.

 

 

FONTE:https://www.feeacrs.com.br/encontro-das-mulheres-do-asseio-lanca-cartilha-contra-assedio-e-reforca-necessidade-de-promover-os-direitos-femininos/


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